terça-feira, 8 de julho de 2014

Filhos de casais homossexuais são tão felizes ou mais saudáveis que os filhos de casais heterossexuais

por Frederico Oliveira



De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade de Melbourne, na Austrália, filhos de casais homossexuais se saem melhor que as crianças de casais heterossexuais quando se trata de saúde física e bem-estar social.  

Segundo o pesquisador-chefe Simon Crouch, há uma falsa ideia de que crianças com pais homossexuais teriam resultados piores, por não terem a figura do pai, no caso de mães lésbicas; ou da mãe, no caso de pais gays. 

Crouch e sua equipe entrevistou 315 pais do mesmo sexo, com um total de 500 crianças australianas.  Cerca de 80% das crianças tinham pais femininos e cerca de 18% tinham pais masculinos.

Crianças criadas por famílias de pais homoafetivos marcaram 6% a mais no quesito saúde geral e relacionamento familiar. No entanto, na maioria das avaliações sobre o quesito saúde, tais como comportamento emocional e capacidade física, não foi verificada diferença em comparação com as crianças da população em geral. 

O pesquisador avalia a existência de uma maior coesão social entre as famílias de pais homoafetivos em razão de uma distribuição igualitária do trabalho na família. Segundo ele, casais do mesmo sexo tendem a compartilhar as responsabilidades de forma mais equitativa do que os heterossexuais. 

"É libertador para os pais a assumir papéis que atendam às suas habilidades, o que falta aos estereótipos de gênero, onde a mãe é a doadora da atenção primária e o pai o ganha-pão", disse ele. (tradução livre) 

O estudo da Universidade de Melbourne também apontou o ESTIGMA como um problema que as famílias do mesmo sexo enfrentam. 

Conforme aponta o estudo, cerca de dois terços das crianças com pais do mesmo sexo, tem  experimentado algum tipo de estigma por causa da orientação sexual dos pais. Apesar destas crianças obterem maior pontuação em saúde física e bem-estar social, o estigma associado com a sua estrutura familiar foi associada a menor pontuação em várias escalas. Para Crouch, quanto maior o estigma que uma família homossexual enfrenta, maior será o impacto sobre o bem-estar social e emocional de uma criança. 

Um relatório publicado ano passado pela Academia Americana de Pediatria, que analisou três décadas de dados, avaliou que as crianças criadas por pais gays e lésbicas mostraram resiliência "em relação à saúde social, psicológica e sexual, apesar das disparidades econômicas e jurídicas e estigma social." (tradução livre) 

"Muitos estudos têm demonstrado que o bem-estar das crianças é afetado muito mais por suas relações com seus pais, senso de competência e segurança, bem como a presença de suporte social e econômico do que pelo sexo ou a orientação sexual de seus pais ", disse Siegel, co-autor do relatório da Academia Americana de Pediatria. 

Desse modo, os pesquisadores descobriram que a qualidade da parentalidade e o bem-estar econômico das famílias era mais importante que a orientação sexual. 

"Eu posso dizer que você nunca vai conseguir a ciência perfeita, mas o que você tem agora é suficientemente boa ciência", disse Siegel. "Os dados que temos agora são bons o suficiente para saber o que é bom para as crianças."

Sendo assim, evidenciado que a orientação sexual dos pais em nada compromete o relacionamento familiar e o desenvolvimento pleno das crianças, resta à sociedade combater o estigma e o preconceito dirigido às famílias homoafetivas. 


Karine Hallier e sua namorada Elodie Lucas, andando com seus filhos. O casal teve dois filhos por inseminação artificial e militam pelos direitos de paternidade do mesmo sexo. (Jean-Sebastien EVRARD / AFP / Getty Images)

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