A homofobia e a luta por reconhecimento
A luta pelo
reconhecimento das pessoas LGBTs é antiga e alguns ganhos ainda são recentes. Até
poucos anos era impossível imaginar as profundas mudanças decorrentes da
afirmação desse segmento social, como os casos de adoção por casais
homossexuais, a união civil entre pessoas do mesmo sexo, mudança de nome no
registro civil de transexuais, cirurgia para a redesignação sexual, dentre
outros fatos que determinam uma mudança de um modelo social pré-concebido como
heteronormativo, ou seja, que dispõe a heterossexualidade como o padrão correto
e esperado pela sociedade.
Apesar dos
avanços no campo científico apontarem que a homossexualidade e a
transexualidade não são mais consideradas como desvio de conduta, transtornos
psicológicos ou perversão, a sociedade no geral ainda desconsidera esses
avanços por preconceitos arraigados que induzem essa concepção acrítica. A
propósito a Organização Mundial da Saúde (OMS) em 17 de maio de 1990 - data em
que se comemora o dia internacional de combate a homofobia – retirou a
homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças (CID), declarando
não se tratar ainda de distúrbio ou perversão. O Conselho Federal de Psicologia,
na mesma linha de raciocínio, proibiu qualquer ação de psicólogos tendentes a
favorecer a patologização das práticas homoeróticas (Resolução n. 1 de 23 de
março de 1999).
Cabe,
portanto, estabelecer um processo integrativo capaz de coibir a exclusão
sentida pelas pessoas LGBTs e que é extremamente prejudicial às relações sociais como um todo. Nesse processo, o reconhecimento e o respeito à diversidade de
identidades evita a limitação do livre exercício da condição desses indivíduos,
ampliando, assim, suas capacidades de integração social.
A respeito do
preconceito, da discriminação, da homofobia e da intolerância é importante traçar
as seguintes definições.
a) a intolerância deriva dos conflitos de convivência das
minorias entre as maiorias diante de suas diferenças.
b) o preconceito decorre da ignorância ou de um conjunto de opiniões considerados de
modo acrítico, ou seja, fundados por uma moralidade histórica aceita sem
discussões.
c) a discrimininação corresponde às ações que promovem a exclusão, conseqüentes
de uma visão preconceituosa que impede, diminui ou restringe o acesso das
pessoas LGBTs.
a) a homofobia e suas vertentes como a lesbofobia (referente a
lésbicas) e a transfobia (referente a travestis e transexuais) é a
exteriorização dos preconceitos com a estigmatização, a exclusão e a violência
psicológica e até física dirigida às pessoas LGBTs
A sigla LGBT,
produto da alteração da ordem anterior GLBT, corresponde a um agrupamento de
duas orientações sexuais e duas identidades de gêneros como é o caso dos gays e
lésbicas e dos travestis e transexuais respectivamente. De acordo com o
glossário da 1ª Conferência Nacional GLBT realizada em junho de 2008 em
Brasília, Lésbica é a “pessoa do
gênero feminino que têm desejos e práticas sexuais, e relacionamento
afetivo-sexual com outras pessoas do gênero feminino.”; “Gay: pessoa do gênero masculino que tem desejos, práticas sexuais e
relacionamento afetivo-sexual com outras pessoas do gênero masculino.”; “Bissexual: pessoa que têm desejos e
práticas sexuais e relacionamento afetivo-sexual com homens e mulheres.”; “Travesti: pessoa que nasce do sexo
masculino ou feminino, mas que tem sua identidade de gênero oposta ao seu sexo
biológico, assumindo papeis de gênero diferentes daquele imposto pela sociedade
(...)”; e Transexual: aquele
indivíduo que possui um “desconforto ou estranheza” com o sexo biológico que
esteticamente não se amolda à sua identidade que é diferente, ou seja, são
indivíduos que necessitam de intervenção cirúrgica para a mudança de sexo
denominada de cirurgia de redesignação sexual.
A
homossexualidade por si só resulta na conformação da sexualidade biológica, no
entanto, o interesse sexual/afetivo é dirigido a pessoa do mesmo sexo. No caso
dos travestis e transexuais a questão gira em torno da identidade de gênero,
pois esses indivíduos não se conformam com o gênero de origem (masculino e
feminino) e buscam mudanças no sentido de promover a adequação do gênero com
técnicas de hormonônioterapias, cirurgias plásticas e a redesignação sexual
(mudança de sexo biológico) no caso das transexuais.
A evolução
jurídica, cultural e até religiosa conquistada nas últimas décadas, não foi o
suficiente para garantir às pessoas LGBTs uma cidadania plena pautada pelo reconhecimento e respeito. Vivenciamos uma cultura de preconceito e discriminação que gera, por consequência, resultados extremamente negativos no campo do bem estar social. É necessária muita luta para conquistar a ideal promoção, inclusão e integração dessa parcela da população que sofre dificuldades, ou são excluídas ou sofrem constrangimentos nos espaços sociais pela sua condição diferente.
Acredito que a informação e a inclusão de programas educativos é um caminho importante para que a sociedade se torne mais justa e livre de preconceitos para o acesso pleno dos LGBTs nos espaços sociais, possibilitando, assim, a autonomia dessas pessoas para o exercício de suas características, preferências e necessidades que lhes são próprias.
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