por Frederico Oliveira
republicado e editado
No dia 28 de junho
comemora-se o dia mundial do Orgulho LGBT, em celebração à revolta de
Stonewall, que se deu por uma série de episódios de enfrentamento da comunidade LGBT à opressão e a violência policial em 1969, na cidade de Nova Iorque. A data marcada pela resistência é uma oportunidade para refletir a luta pelo reconhecimento e
o orgulho de ser lésbica, gay, bissexual, travesti e transexual.
Mas
por que ter orgulho de ser LGBT?
A "luta por reconhecimento" parte da necessidade de romper a pecha de
preconceito e a estigmatização sentida pelas pessoas LGBTs impedidas de
exercitar livremente a sua cidadania.
Infelizmente,
a sociedade desconhece a diversidade sexual e de gênero composta de atributos que não correspondem aos padrões historicamente impostos, criados para determinar uma relação hierárquica de poder do gênero masculino (machismo/sexismo) sobre o feminino e orientações sexuais e identidades de gênero desviantes que não correspondem ao padrão denominado heteronormativo. Esse raciocínio é suficiente para determinar a equivocada compreensão de que é errado ser homossexual ou
transgênero.
Mas quem disse que o certo é atender equivocados padrões
pré-definidos que não correspondem às necessidades e aos anseios
daqueles que não se encaixarão nesses padrões para serem felizes?
Ser
lésbica, gay, bissexual, travesti ou transexual é transgredir com a heteronormatividade compulsória de rígidos padrões
injustamente estabelecidos pela sociedade.
Ser lésbica, gay, bissexual, travesti
ou transexual é encarar as constantes humilhações carregadas desde a
infância e conseguir ser gente grande sem ter a vergonha de ser feliz.
Ser
lésbica, gay, bissexual, travesti ou transexual é enfrentar o medo, a vergonha, o
escárnio, a estigmatização, a demonização, o terror, a indiferença para
se impor e dizer aqui estou, sou gente e por ser gente quero contribuir e
ser aceito nessa vida em sociedade.
Ser lésbica, gay, bissexual,
travesti ou transexual é sair de um armário e dos guetos fruto da
opressão e do medo e responder pra sociedade que esse traço diferente da sua
sexualidade e da sua identidade de gênero não deprecia em nada a sua reputação, o seu caráter e a sua dignidade.
O
orgulho LGBT é fruto da busca de ampliação de direitos decorrentes do
sentimento coletivo das injustiças sofridas dessa equivocada imposição de uma cultura
heteronormativa.
As pessoas LGBTs lutam pelo reconhecimento e
visibilidade como forma de arrancá-los da situação paralisante do
rebaixamento, para que possam integrar-se na sociedade livres das
amarras que obstaculizam a fruição de seus direitos e liberdades fundamentais.
Como
menciona o filósofo e sociólogo alemão Axel Honneth, "os indivíduos
precisam se saber reconhecidos também em suas capacidades e propriedades
particulares para estar em condições de autorrealização, eles
necessitam de uma estima social que só pode se dar na base de
finalidades partilhadas em comum" (Luta por reconhecimento)
Ser lésbica, gay, bissexual, travesti ou
transexual é combater a "usurpação negativa" dirigida às suas particularidades e mesmo assim orgulhar-se de sua condição humana, enfrentando de cabeça erguida a
hostilidade de uma sociedade que vive na sombra do véu de uma ignorância
ditada pelos estereótipos construídos por uma cultura heteronormativa
falaciosa e opressora.
Como cantou Gonzaguinha vamos então "viver e não ter a vergonha de ser feliz".
E viva as cores do arco-íris que celebra a convivência pacífica e harmoniosa da diversidade sexual e de gênero. Afinal de contas, a natureza não é preto-e-branca, mas multicolorida.
Revolta de StoneWall, Nova Iorque 28/06/1969 |
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