O casamento de Artur e Daniel
Os empresários, Artur Perné
Castelo Branco Ribeiro, de 25 anos de idade e Daniel Mendes Moura, de 37 anos, casaram-se
recentemente em Goiânia, celebrando em grande estilo com uma festa para os
familiares e amigos.
Após
o primeiro beijo roubado, o destino foi aproximando Artur e Daniel que passaram
a namorar. No aniversário de um ano de namoro, Daniel preparou uma viagem para
pedir Artur em casamento. Depois de carregar a aliança no bolso por uma semana,
Daniel fez o pedido a Artur, tendo como cenário a bela paisagem vista das
alturas, dentro de um teleférico, no Parque Arví, na cidade de Medellín, na
Colômbia.
O sonho do
casamento só foi possível, graças à importante decisão do Conselho Nacional da
Justiça (CNJ) em maio de 2013, que determinou que todos os cartórios de
registro civil no Brasil não se negassem em proceder a habilitação de casamentos
entre pessoas do mesmo sexo.
Poucas
semanas antes da realização da cerimônia, Artur fez um desabafo a familiares e
amigos em seu perfil na rede social, chamando a atenção para a essência da
família e do amor, depositando confiança nesses princípios em seu propósito de
selar o compromisso com Daniel.
Artur afirmou
que “família somos nós que escolhemos, e as pessoas que importam trazem valor
às nossas vidas e elas perduram.” Em seu desabafo, ele acrescentou que as
pessoas que se importam com você “não estão ligadas aos preconceitos da
sociedade ou religião”, pois, tais sentimentos não têm relevância alguma diante
do maior sentimento do mundo que é o AMOR.
No campo do
Direito, o casamento é um negócio jurídico em que o Estado reconhece às pessoas
o direito de celebrarem o compromisso firmado mediante um “pacto antenupcial”,
determinado pela autonomia da vontade das pessoas de estabelecerem um modelo de
vida compartilhada pelo afeto e pela assistência mútua.
Nesse sentido, não cabe ao Estado dizer quais são os
afetos válidos, ou quais são os parceiros ideais para as pessoas compartilharem
suas vidas. Trata-se de um direito natural do ser humano que, muitas vezes,
necessita estabelecer esse projeto de vida, como forma de alcançar um padrão de
bem estar e de felicidade.
Recentemente,
a pauta do casamento entre homossexuais entrou novamente para o centro do
debate politico, por ocasião da disputa eleitoral para Presidência da
República. O debate faz parte de uma agenda de direitos humanos para a
ampliação da cidadania das pessoas LGBT que, apesar de terem conquistado o
direito ao casamento, não têm afirmação positivada e declarada expressamente pela
lei. O que temos hoje é a interpretação firmada pelo Supremo Tribunal Federal
(STF) que, ao reconhecer a união homoafetiva como entidade familiar, consolidou
no Brasil o entendimento de que não mais se permite a discriminação por
orientação sexual para a aplicação da lei civil.
“é muito interessante ‘sair da toca’ para mostrar que temos orgulhos de quem somos, que nos amamos muito, que queremos celebrar com as pessoas que amamos e, aliado a isso, ter nossos direitos civis preservados como qualquer cidadão brasileiro.”
“é muito interessante ‘sair da toca’ para mostrar que temos orgulhos de quem somos, que nos amamos muito, que queremos celebrar com as pessoas que amamos e, aliado a isso, ter nossos direitos civis preservados como qualquer cidadão brasileiro.”
O casamento de Artur e Daniel, além da concretização de um sonho para o casal, é a prova para a sociedade de que não é mais aceitável negar direitos e que essa conquista contribui para o reconhecimento e o respeito à homossexualidade, retirando essa condição humana da paralisante situação de menosprezo social, cultivado por séculos de arraigado preconceito e discriminação.
Reparar o
dano desse menosprezo do passado, significa reivindicar 'reconhecimento', o que
cumpriu o jovem casal que carregou a luta pelo respeito a uma parcela da população, ainda, socialmente estigmatizada.
Artur
e Daniel afirmam que a decisão pelo casamento foi tomada pelo orgulho de se
amarem, não lhes restando dúvidas de que um faz parte da vida do outro. Eles
acreditam que “quanto mais casamentos gays
ocorrerem no Brasil, mais natural vai ficar para as pessoas que ainda não
compreendem.” Salientam que “é muito interessante ‘sair da toca’ para mostrar
que temos orgulhos de quem somos, que nos amamos muito, que queremos celebrar
com as pessoas que amamos e, aliado a isso, ter nossos direitos civis preservados
como qualquer cidadão brasileiro.”
Apesar
do preconceito ainda tão arraigado em nossa sociedade, os familiares e amigos
receberam com naturalidade a notícia da cerimônia. “O que não faltava era gente
para abençoar nosso dia com boas energias, boas vibrações. Todas as pessoas que
participaram foram escolhidas a dedo para estarem lá e o amor era nosso foco,
não sobrava espaço nenhum para o preconceito” – afirmou o casal.
Sobre
o preconceito da sociedade Artur menciona que: “Acho que ainda estamos vivendo
tempos difíceis, mas estamos fazendo a virada da página do preconceito, de
pouco a pouco vamos escrevendo uma nova história e estamos fazendo um pedacinho
dela acontecer.”
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