domingo, 27 de outubro de 2013

Documentário inglês retrata com perplexidade a realidade homofóbica do Brasil

por Frederico Oliveira

Foto do vídeo
Uma "batalha ferrenha" começou por causa de uma lei que busca criminalizar a homofobia e educar os adolescentes sobre os seus danos. Numa hora em que os crimes homofóbicos aumentam em nossa realidade, surge Jair Bolsonaro, um parlamentar que integra a direita mais conservadora e religiosa fundamentalista, num jogo sujo para impedir a aprovação da lei que só visa proteger pessoas contra a violação de seus direitos. Isso é o que constata Stephen Fry, um ator inglês que se indignou com as declarações homofóbicas do referido deputado, numa entrevista para um documentário que retrata a homofobia no mundo, intitulado "Out There". 

"Bolsonaro é o típico homofóbico, que eu encontrei pelo mundo, com seu mantra de que os gays querem dominar a sociedade, recrutar crianças ou abusar delas" afirmou Stephen Fry.

No documentário, o Brasil foi colocado ao lado da Rússia e da Uganda como os países onde políticos e grupos religiosos mais perseguem os homossexuais. O documentário, também, retrata o lamentável episódio da morte do adolescente brasileiro Alexandre Ivo que foi torturado por mais de duas horas e morto pelo fato de ser gay.  

Na entrevista, o deputado Jair Bolsonaro afirma que: "Nós brasileiros não gostamos dos homossexuais" e levanta o pavoroso e falacioso argumento de que a violência contra homossexuais se deve ao envolvimento com drogas e prostituição. As declarações do parlamentar causaram espanto e perplexidade ao ator do documentário Stephen Fry que diz: "Esse deve ter sido um dos mais estranhos e sinistros encontros que eu já experimentei. Bolsonaro é o típico homofóbico, que eu encontrei pelo mundo, com seu mantra de que os gays querem dominar a sociedade, recrutar crianças ou abusar delas. Mesmo num país progressita como o Brasil, suas mentiras criam histeria entre os ignorantes, dos quais violência pode surgir"(destaquei)

As mentiras propagadas pelo deputado - a que Fry fez menção - perpetua e potencializa o ambiente de opressão, para aqueles que não se adequam à imposição heteronormativa e se escondem pelo medo de serem excluídas das oportunidades de desenvolvimento pleno e conquistas rumo a uma vida digna. Muitos se esconderam  ou escondem sua sexualidade, sob o medo de não serem aceitas por suas famílias e serem expulsas de suas casas. Muitos se esconderam ou escondem sua sexualidade até de si mesmo, pois o convívio com ela causa medo, espanto aversão (homofobia internalizada), especialmente por saber que a expressão dessa sexualidade é julgada como anormalidade, doença ou um pecado inaceitável. Muitos se esconderam ou se escondem pelo temor de não serem aceitos nos espaços sociais, como na escola e no trabalho ou pelo medo de serem agredidos e humilhados moralmente e fisicamente.

A criminalização da homofobia tem por finalidade dar a resposta proporcional para o combate de uma cruel violência contra o ser humano. A homofobia é uma das formas de violência das mais absurdas que remonta lamentáveis episódios históricos, pois é motivada pela intolerância na cultura de superioridade das maiorias em detrimento das minorias, a mola que conduziu as mais terríveis atrocidades da humanidade, a exemplo da escravidão, do holocausto e do apartheid.

"...pessoas educadas não são cheias de ódio para com os gays.(...) Só odiamos quando somos ignorantes e temos medo." diz Fry

Jair Bolsonaro é para mim um dos instrumentos mais sujos e pavorosos que nos revela que a perseguição aos direitos da diversidade sexual faz parte de um repugnante e ardiloso esquema para subsidiar a inescrupulosa conquista de poder político e econômico. Os velhos e podres poderes que se renovam e que poderão reverter o  progresso em um horroroso retrocesso.


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