por Frederico Oliveira
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Recentemente o presidente do Grupo Barilla, uma das maiores empresas fabricantes de macarrão do mundo, declarou que se recusaria a veicular em um comercial de sua marca uma família homossexual, incitando, inclusive, que se os gays não gostassem disso que procurassem outra marca. O presidente da marca de origem italiana Guido Barilla disse: "Eu não faria um comercial com uma família homossexual não por falta de respeito para com os homossexuais – que têm o direito de fazer o que quiserem sem incomodar os outros -, mas porque eu não concordo com eles e acho que nós queremos falar com as famílias tradicionais". E continuou em suas declarações dizendo: "O conceito de família sagrada continua sendo um dos nossos valores fundamentais." e, ainda, que "se os gays não gostarem, podem comer outra marca".
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#boycottbarilla |
As referidas declarações foram feitas em uma entrevista concedida por Guido Barilla a uma rádio italiana, cujo tema era o papel das mulheres nas propagandas. Provavelmente a questão foi suscitada em razão das perniciosas contribuições das propagandas que continuam a promover a segmentação dos papéis femininos e masculino no machismo impregnado na sociedade italiana.
As declarações de Guido provocaram uma reação em todo o mundo nas redes sociais. As hashtags #boicotabarilla, #boicottarebarilla #boycottbarilla demonstram a infinidade de protestos revoltosos com boicotes liderados pela comunidade gay, ativistas, simpatizantes e entidades de defesa de direitos humanos. Ivan Scalfarotto, um parlamentar italiano do partido democrático declarou que: "É deprimente que um homem de negócios acostumado a trabalhar e viajar ao redor do mundo diga o que Guido Barilla disse. Certamente não comprarei mais os seus produtos."
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#boicottarebarilla |
É claro que essas desculpas não foram aceitas e sequer são suficientes para minorar a homofobia destilada pelo presidente da empresa.
Uma coisa é certa, Guido Barilla menosprezou uma parcela de consumidores dos seus produtos, inclusive instigando-os a procurarem outra marca, acaso não estivessem satisfeitos com suas propagandas. Ora, essa parece ser uma atitude lamentável de um homem de negócios que tem a lucratividade como fator preponderante em seus objetivos. Um consumidor, independente de qualquer característica jamais deve ser menosprezado, e esse menosprezo rema contra a maré das estratégias de marketing voltadas para a conquista e fidelização de consumidores a produtos e serviços.
"É deprimente que um homem de negócios acostumado a trabalhar e viajar ao redor do mundo diga o que Guido Barilla disse. Certamente não comprarei mais os seus produtos." Ivan Scalfarotto, parlamentar italiano
Hoje o consumidor está cada vez mais consciente e vem refletindo mais sobre o papel social dos fornecedores de produtos e serviços que adquire. Respeitar a diversidade sexual e considerá-la como uma realidade não é uma causa que beneficia apenas a população LGBT. A consideração à diversidade sexual é sinônimo de respeito ao consumidor que pode não ser gay, mas que com certeza tem um familiar, um amigo, um colega de trabalho que merece ser considerado e respeitado sem os escárnios estigmatizantes que só diminuem a estima social dessas pessoas.
Desconsiderar e menosprezar potenciais consumidores é, a meu ver, sinônimo de insanidade que não condiz com as estratégias de gestão do mundo dos negócios. Com certeza, os concorrentes estão felizes da vida e já elaboraram estratégias mercadológicas de diferencial competitivo num mercado que não aceita indisposição com qualquer parcela de consumidor. Segue então nessa trilha a De Cecco que divulgou um anúncio com diversos formatos de massa que diz: "Noi siamo diversi!" e Garofallo no anúncio de que: "Para nós tanto faz com quem você faz (o macarrão), o que importa é que o faça al dente!
Eu que há muitos anos consumo o macarrão Barilla também sigo no boicote e estou tendo a oportunidade de experimentar outras marcas que já conquistaram o meu paladar. Esse é um exemplo para o mercado de que o menosprezo à diversidade sexual é sem sombra de dúvidas um veneno para os negócios.
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Divulgação |
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Divulgação |
Eu que há muitos anos consumo o macarrão Barilla também sigo no boicote e estou tendo a oportunidade de experimentar outras marcas que já conquistaram o meu paladar. Esse é um exemplo para o mercado de que o menosprezo à diversidade sexual é sem sombra de dúvidas um veneno para os negócios.
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